sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Somos Contra Testes de Cosméticos em Animais

Existem treze tipos principais de testes realizados pela indústria da cosmética e que implicam, potencialmente, a utilização de animais. São eles: testes para os olhos, irritabilidade da pele, penetração na pele, sensibilização da pele, fototoxicidade e fotosensibilidade, mutagenicidade, toxicidade aguda e crónica, carcinogenicidade, toxicidade reprodutiva, teratogenicidade e avaliação da segurança do produto final.

Actualmente, estão a ser tomadas medidas para o desenvolvimento e validação de métodos alternativos à experimentação em animais, particularmente na União Europeia. A Comissão Europeia tem, inclusivamente, a obrigação específica de «assegurar o desenvolvimento, validação e aceitação legal de métodos experimentais que não usem animais vivos».

O executivo comunitário tem afirmado mesmo que esta área é uma prioridade, apesar de se constatar facilmente que o progresso não tem sido de todo célere. As organizações defensoras dos direitos dos animais têm reclamado a simples abolição dos testes em animais no âmbito da cosmética, argumentando que este tipo de experiências é completamente desnecessário.

É que a indústria da cosmética pode apoiar-se nos seis a oito mil ingredientes já testados para a elaboração de novos produtos, não sendo, por isso, preciso proceder a novas experiências, pelo menos enquanto não forem desenvolvidos métodos alternativos suficientemente eficazes para o fabrico de novos produtos.

Esta é a única opção ética perante o sofrimento animal que a experimentação laboratorial implica. Não é admissível que estes animais não-humanos sejam sujeitos a atrocidades científicas em benefício de um novo batom, que pode ser desenvolvido com ingredientes já testados.

Exemplos de testes para cosmética

Corpo inteiro, toxicidade de curto prazo
Este tipo de teste é desenvolvido tradicionalmente através do teste LD50, cuja primeira aplicação remonta a 1927. Grupos de animais são sujeitos a diferentes doses de determinada substância de forma a identificar a quantidade letal para metade dos animais. Durante estes testes, frequentemente, os animais são forçados a ingerir a substância. O teste LD50 usa, por vezes, doses massivas que não correspondem aos níveis possíveis de exposição às substâncias em teste.

Penetração da pele
Este teste é utilizado para determinar até que ponto os ingredientes dos cosméticos podem penetrar a pele. As conclusões são importantes para saber se as substâncias conseguem entrar na corrente sanguínea e, consequentemente, ser levadas a partes do corpo onde poderão exercer efeitos tóxicos. Estes testes são desenvolvidos em animais apesar das enormes diferenças entre a pele de animais não humanos e a de humanos.

Irritabilidade da pele
São os coelhos e os porquinhos-da-Índia os animais mais usados neste tipo de testes, em que as substâncias a testar são aplicadas em partes dos corpos dos animais depiladas para o efeito. Em consequência, os animais sofrem irritações, úlceras, urticárias e inchaços e estas reacções nem podem ser extrapoladas para as reacções humanas às mesmas substâncias, porque os animais têm uma diferente distribuição dos vasos sanguíneos; a sua pele reage de forma limitada e não é possível distinguir entre irritações muito suaves e moderadas. Testes comparativos mostraram já uma variabilidade considerável nas respostas à irritabilidade em diferentes espécies: testes para champô anti-caspa concluíram que o grau de irritabilidade da pele pode ir de “severa”, em coelhos, até “quase inexistente”, em babuínos.
Parece óbvio que cada espécie apresenta comportamentos variados de acordo com a sua biologia… Qual é, então, a utilidade de torturar animais para testar substâncias a que os humanos reagem de formas completamente distintas?

Irritabilidade dos olhos
O teste de Draize consiste na aplicação de substâncias nos olhos de coelhos albinos, que são muitas vezes mantidos imobilizados. Apesar de ser usado há mais de 40 anos, este teste não tem mostrado correlações com a experiência humana: compararam-se 281 casos de contacto acidental de substâncias domésticas com os olhos de pessoas com os testes de Draize efectuados em coelhos, tendo-se concluído que existem diferenças abismais e que as experiências não podem ser correlacionadas. O teste exagera os efeitos de irritabilidade e as suas previsões em termos de resposta humana às substâncias só estão correctas em menos de 50 por cento das ocasiões. Apesar da clara inutilidade do teste de Draize, a cosmética continua a sacrificar milhares de coelhos, anualmente, em função dos resultados obtidos.

Sensibilização da pele
Para estes testes, são usados porquinhos-da-Índia para medir a probabilidade de uma substância causar alergia depois de repetida aplicação. Existem cerca de 15 testes diferentes neste âmbito, sendo que a maioria requer a utilização de 20 a 40 animais. Os métodos empregues são variados, dependendo da quantidade da dose a aplicar e da frequência de aplicação, das soluções injectadas, das leituras e interpretações formuladas. No decorrer destes testes, são muitas vezes aplicadas doses exageradas, o que leva a resultados que sobrestimam a sensibilidade da pele às substâncias; por outro lado, estes testes não conseguem, muitas vezes, detectar substâncias que acabam por se provar prejudiciais à pele humana.

Fototoxicidade e Fotosensibilidade
Trata-se de reacções da pele a químicos provocadas pela exposição à luz. As reacções das peles animais aos testes surgem muito diferentes dos resultados comparáveis à pele humana. Estes testes não foram validados internacionalmente.

Mutagenicidade
Testes de curto prazo são realizados em animais com o objectivo de analisar a relevância dos dados in vitro face à situação humana, apesar dos testes animais padrão serem de relevância limitada para a toxicologia da cosmética.

Carcinogecidade
Estes testes são conduzidos com ratos e ratazanas, não por resultarem em respostas científicas mais confiáveis, mas por estes animais terem vidas curtas, por serem pequenos, baratos e fáceis de manejar. No entanto, o valor científico destes testes tem sido severamente limitado precisamente devido a diferenças de comportamentos entre as espécies, a doses irrealistas, altos custos monetários e longa duração. Uma análise de testes animais para 19 carcinomas humanos conhecidos revelou que os resultados só estavam correctos em 37 por cento dos casos. Na verdade, mandar uma moeda ao ar teria mais probabilidade de resultar em dados correctos.

Toxicidade reprodutiva
As substâncias que não penetram a pele e cujo consumo oral em quantidades significativas é improvável não precisam de ser submetidas a estes testes. Um resultado positivo nos testes de teratogenicidade ou embriotoxicidade conduzem automaticamente à rejeição de um ingrediente cosmético.

Teratogenicidade
Trata-se de testes dispendiosos, trabalhosos e morosos que não são confiáveis em termos de extrapolação dos resultados para humanos. Por exemplo, a aspirina causa malformações em ratos, ratazanas, porquinhos-da-Índia, gatos, cães e macacos, mas não se conhecem os mesmos efeitos em fetos humanos.

Avaliação da segurança do produto final
Várias empresas têm desenvolvido uma política de rejeição da experimentação animal nos últimos anos. Até o conservador Comité Científico sobre Cosmetologia recomenda que, na maioria dos casos, a segurança de um produto possa ser avaliada de acordo com os resultados dos testes em ingredientes individuais, levando em conta a probabilidade de utilização. Até a Comissão Europeia admitiu que não deveria haver necessidade de testar os produtos finais em animais. Quatro países europeus (Alemanha, Suíça, Países Baixos e Reino Unido) baniram este tipo de experimentação animal.

Adaptado de Cosmetic Testing – Background Information

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